Saberes de combate e convivência necessários para a transformação
Ocultismo
(Ataque oculto as instituições)
o animal que causa maior número de mortes na população humana é o mosquito.
— Wikipédia
O Ninjitsu - o Hacker - o sabotador, o espião - o ataque xamânico - invisibilidade e ação - A justiça toma caminhos obscuros num mundo onde as leis são injustas.
(Como usar a cultura contra ela mesma)
Nomadismo & Nomadologia
Saia do caminho da Justiça, ela é cega!
— Stanisław Jerzy Lec
A ciência do devir - a caravana - desempoderamento pela ausência - a negação das fronteiras políticas e linguísticas da velha ordem: Nações são prisões. A experiência do andarilho. O deslocamento e a obtençaõ de recursos.
O nomadismo é uma forma de se relacionar com o ambiente do entorno, tanto físico quanto cultural, quanto psicicológico, por quê os três são um só e a possibilidade de interações com este ambiente é virtualmente ilimitada. O nomadismo pede isso, testar as interações com o ambiente.
Todos os dias você vai de casa para o trabalho e do trabalho para casa no mesmo horário? Você almoça no mesmo restaurante e conversa com as mesmas pessoas sobre a mesma série idiota da televisão paga?
Por quê você não se perde? Não chega no trabalho mais cedo e prepara o café ou lê a agenda do chefe?
Expanda seus horizontes para além da rotina massacrante. Continue na rotina massacrante, qualquer que seja, se isso for por algo mais que dinheiro, férias, drogas ou outras compensações fúteis.
Tenha mais de uma casa, viva entre elas. Pensando rotas alternativas, mantimentos e eventuais contratempos. Ainda saiba se orientar pelas manifestações da natureza, mas também saiba se orientar na web.
Você sabe fazer fogueira? Já sofreu um transe e se transformou em outro ser, com outras potências?
Pense diferente e implemente essa diferença. Somos governados por leis naturais e leis sociais, mas usamos da natureza e, enquanto sociedade, criamos e gerimos essas leis que nos governam. Governam? Ainda governam? Só porque não investimos, vários, em algo diferente.
O nomadismo é isso. O nomadismo é psíquico, é interno…mas é também essa ação modificando o externo, na rede, no coletivo em que estou. É investir em destruir, é investir em construir a partir de outros nós, feitos com, praticamente a mesma corda social.
Pois não podemos prescindir da troca, mas podemos mudar, ou até eliminar o dinheiro. Podemos pensar em outras alianças entre os homens e o cosmos. Podemos insistir na pedagogia cotidiana para uma nova ética e uma nova espiritualidade. Podemos gerenciar uma outra territorialidade, sem nenhuma propriedade. E assim por diante.
Nomadism is a strategy of the present. There is not one nomadic strategy but a multiplicity of micro-strategies.
Nomadism as a concept is a war-machine, created to resist monolithism, to transcend domestification and alienation. Therefore, it is a strategy of consciousness, opening and resistance. It is the strategy of the movement for the movement.
Nomadism is a tribal strategy, relying on community, hospitality and exchange. These values are essential to the survival of nomads. Nomadism is a strategy for those who do not want to renounce to their freedom.
Comunicalidade
A arte do diálogo e o primado do entendimento mútuo - manifesto contra a lógica de partido - técnicas de conversação - diálogo mediado vs. diálogo não mediado - os saberes indígenas sobre a arte de contar e de ouvir.
Anarkitetura
Buscando e constituindo novas espacialidades - o primado do equilíbrio entre espaço e ação humana - a ambiência e o reencantamento da vida comunal cotidiana.
Reencantando
Para que haja uma coesão em qualquer grupo, é necessário que existam mais do que objetivos racionais compactuados entre todos. É necessário um imaginário em comum, algo que vá além da razão e que de um certo encantamento para a vida cotidiana, já que razão não podemos encontrar.
É por isso que as sociedades em toda a história desenvolveram religiões, credos, etc. As pessoas, para viverem em coletivo, precisam acima de tudo acreditar nas mesmas coisas. Essas coisas dão sentido a vida e tornam todos parte de um sistema imaginário no qual, por haver algo supremo e intocável, há um encantamento da vida. No entanto, devemos lembrar, essa necessidade humana foi quase sempre utilizada como forma de concentrar poder, seja no clero, seja numa nobreza.
Mas voltemos há alguns milênios atrás. Certamente a vida naquele tempo não partia de uma concepção separatista entre o que é racional, real do que é imaginário e irreal. Os deuses gregos viviam entre os humanos e, embora ninguém os visse, isso não fazia muita diferença. O que importava era que suas estórias, suas lendas, suas fábulas, serviam de incentivo a vida comunitária, a vida amorosa, ao trabalho, à vida de toda forma. Era uma espécie de brincadeira, onde crianças adultas utilizavam pensamentos de deuses (que na verdade era o senso comum da comunidade) para dar um sentido não racional ao sexo, ao amor, ao ódio e a tudo quanto fosse possível. Os deuses se riem de nós hoje em dia, mas naquela época, os seres humanos também riam dos deuses.
Talvez isso seja uma boa forma de resgatar o que devemos entender como cerne do imaginário: o imaginário não é estático e nunca deverá ser, mas isso não impede que falemos, escrevamos e façamos o que bem entendermos sem que isso faça qualquer sentido racional. O importante é que rir de deuses que nós mesmos criamos.
Assim, podemos, por exemplo, pedir para que cada integrante do coletivo crie uma religião. Ou que criemos uma, ou várias. O importante é que possamos ter valores culturais que, embora secretamente saibamos de sua falta de sentido, nos deem sentido para o cotidiano. Obviamente nossas festas pagãs não serão como as cristãs, não serão baseadas na virgindade de uma santa, mas sim na promiscuidade de uma titã. Sair pelado na rua é uma ótima sugestão como adoração aos deuses, uma vez por ano, ou por dia, tanto faz. Bacanais regados a vinho no inverno, e orgias em rios e lagos no verão. Podemos criar cumprimentos beijando seios (nas mulheres) e bundas (nos homens) que serão utilizados diariamente. Ou simplesmente podemos criar o dia da confissão, onde todos falam seus podres frente a todos e onde não podemos reprovar a atitude do semelhante, ou talvez possamos dar um tapa ou um peido na cara. O peido, por si só, poderia, porque não, ser uma atitude de elevação divina. Não importa, o importante é que se crie coisas esdrúxulas as quais darão sentido a vida que pode, em momentos solitários, parecer tão sem sentido.